O que a ansiedade nos faz no trabalho
Tradução livre do texto de Alice Boyes, PhD (Original aqui)
O meu cérebro tem tendências ansiosas. Quando me apresentam uma ideia nova, o meu instinto é normalmente pensar no que pode correr mal e imaginar o pior cenário possível. Sempre que há ambiguidade na comunicação, a primeira conclusão que tiro é negativa.
Se partilhas estas tendências, não poderás necessariamente mudá-las, nem terás forçosamente de o fazer. Elas estão provavelmente bem estabelecidas de forma rígida e poderão produzir resultados positivos, tais como a diligência e a sensibilidade para com os outros. Contudo, podes aprender a reconhecer quando estás a ver através de óculos da cor da ansiedade e ajustar o teu pensamento de forma a que isso não te limite. Aqui estão algumas formas como a ansiedade te poderá causar problemas no trabalho e algumas estratégias para as minimizar.
Julgas mal a forma como os outros te vêem.
As pessoas ansiosas tendem a preocupar-se se os outros não gostam delas ou se não vêem o seu talento. Por exemplo, imaginemos que um colega não te saúda da mesma forma calorosa com que saúda os outros e parece sempre apressar-se quando interage contigo. Assumes que a pessoa não gosta de ti. Contudo, na realidade, há outras possibilidades: talvez eles sejam mais afectuosos com pessoas que eles conhecem melhor ou a única forma que têm de socializar é através de piadas e tu tens uma vibe séria. Porque sentes que ele não gosta de ti, tu evitas esse colega, ele sente-se desprezado e conclui que tu é que não gostas dele!
Em vez disso, é importante reconhecer quando estás a interpretar uma situação interpessoal sem provas concretas. É igualmente importante, senão mais ainda, perceber que mesmo que o teu colega não goste de ti (em termos profissionais) vocês ainda poderão ter uma relação proveitosa.
És defensivo em relação a feedback.
As pessoas ansiosas gostam de ser bem-sucedidas, e então procuram feedback que os ajude a melhorar, mas tendem a catastrofizá-lo e a vê-lo como indicador da sua condenação ao falhanço. Se isto te soa familiar, esclarece o que te torna mais aberto a críticas. Para mim, isto envolve receber feedback de alguém em quem confio e que acredita na minha competência/talento geral, receber a crítica de forma ensanduichada entre comentários positivos, e recebê-lo por email (para que eu o possa digerir devagar) e apenas quando eu peço esse feedback ou quando espero recebê-lo (para que sinta que controlo a situação).
O outro lado de saber como é que gostas de receber feedback é reconhecer formas como não gostas e descobrir maneiras de te tornares mais confortável nesses cenários. Por exemplo, eu tenho dificuldade em receber críticas de pessoas novas, mas ao mesmo tempo acho que perspectivas frescas são valiosas, por isso estou disposta a tolerar a ansiedade nesse cenário. É também útil ter algumas respostas preparadas para quando o feedback te provocar ansiedade e precisares de tempo para modular a tua reacção — por exemplo: “Esses são bons pontos. Deixa-me ir pensar neles e criar um plano para implementar as tuas sugestões.”
Evitas situações e depois és visto como difícil.
Tendemos a evitar coisas que nos causam ansiedade e depois sentimos vergonha do evitamento, o que torna a nossa comunicação pouco clara. Este problema pode manifestar-se de formas grandes e pequenas. Talvez te sintas desconfortável a responder a um email e por isso procrastinas, o que deixa a impressão de que não és de confiança, és desorganizado, ou confuso. Ou talvez o teu medo enorme de voar te esteja a fazer recusar viagens de trabalho. Normalmente, é melhor seres honesto acerca da causa da tua hesitação. Não irás sempre receber a compreensão que esperas receber, mas a transparência reduz o stress de toda a gente, aumenta a tua confiança, e é normalmente vista como corajosa e autêntica.
Reages de forma negativa quando te apresentam ideias inesperadas.
Se o teu primeiro pensamento quando te apresentam novas ideias é considerar os riscos, os lados negativos, as razões por que não irão funcionar, outras pessoas estão provavelmente a notar o teu instinto e, pior ainda, poderão vê-lo como negatividade indesejada. Mesmo que seja apenas a tua reação inicial, ela pode ser desmoralizante e irritante para os outros que conseguem ver uma forma de avançar.
Se és um destes pessimistas, eu recomendo que te treines a dar feedback ensanduichado. Assegura-te que a tua primeira resposta a uma ideia é reparar no que há de bom nela. Fazer isto irá ajudar o teu cérebro a melhorar o seu pensamento equilibrado e irá beneficiar-te de um modo geral. Podes então mencionar as tuas preocupações, mas terminar numa nota positiva. Outra estratégia é adiar a reação, mesmo que apenas por umas horas, para que possas dar uma resposta ponderada.
A ansiedade pode motivar as pessoas de forma positiva: por exemplo, o medo da rejeição pode fazer com que trabalhes mais e valorizes mais profundamente as tuas relações com os outros, pode tornar-te mais sensível, cauteloso e cuidadoso, e poderá melhorar o teu desempenho em tarefas difíceis. Quanto melhor compreenderes o modo como a ansiedade funciona, mais poderás maximizar estes aspectos positivos e minimizar os negativos, para que te aceites melhor a ti mesmo e para que sejas mais capaz de lidar com os desafios que surjam no trabalho.
Tradução livre daqui.